sexta-feira, 13 de maio de 2011

Medooooo!!!!!!

Acho que descobri algumas coisas. Por mais que diga que não, acredito que você tem um medo grande aí dentro. Medo de perder o controle, o espaço, a individualidade, o domínio do corpo e da alma. Medo de não saber como fazer, de não ter pra onde ir e pra onde voltar. Medo de mudar e se transformar.
Não, não é fácil. Tem gente que pensa que se entrega, mas coloca só a ponta do dedinho na água da piscina, pra ver se está gelada, pra decidir se entra ou não entra. Eu me atiro, não importa se o tempo está quente ou frio, não faz mal se a água está limpa ou podre. Me atiro sem pensar. Não que eu já não tenha hesitado ou me ferido. Já fiquei com medo de ir, já pensei e pensei. Mas hoje isso tudo parece um livro que li, parece uma história que me contaram. Hoje nem parece eu, está distante, entende? E decidi que vezequando pensar só piora as coisas.
A gente não deve abrir mão de algumas coisas, principalmente de ser a gente mesmo. Mas temos que ceder. Pra alguma coisa dar certo, trabalho, amizade, casamento, a gente tem que ceder, tem que fazer sacrifício, tem que engolir sapo, tem que tentar colocar panos quentes, tem que dizer o que sente, tem que fingir que não ouviu, tem que fazer ir pra frente. Não dá pra levar tudo ao pé da letra, mas também não dá pra se fazer de louco a vida toda.
Temos que entender que os medos fazem parte, sim, dessa vida (e que bom que fazem). Você não pode me culpar por coisas que estão na sua cabeça, pelo que deu errado na sua vida, pela camisa que desbotou, pela conta que está vencida. Não tenho poderes mágicos, não adivinho o que você pensa - e nem quero. Só quero não deixar acumular, não deixar juntar, não deixar essa coisa toda que é bonita descolar. Por isso, eu digo: livre-se de medos e culpas. Porque eu vou continuar aqui. Sempre.
A gente deve olhar para a própria vida e para os nossos erros antes de sair por aí dizendo coisas inacreditáveis sobre os outros. Por favor, me respeite. Nem sempre eu me respeitei. Muitas vezes me passei a perna, puxei meu próprio tapete, esqueci de mim e de tudo que eu queria, me maltratei. Muitas vezes me machuquei de propósito, me fiz sofrer gratuitamente. E me arrependo. Me arrependo, sim. Me arrependo, mesmo. Já me pedi desculpa, já me perdoei, não adianta a gente carregar uma cruz pesada, insuportável, não adianta a gente bater com a cabeça na parede e se ferir, a gente tem que se perdoar. Então, me perdoei. Posso pedir uma coisa para você? Me perdoe também. Desculpa se às vezes falo sem pensar, se vomito as coisas de uma forma boba, se sou criançola, mimada e estúpida, se sou tão cabeça-dura a ponto de ficar cegueta. Desculpa se às vezes fico surtada e emburrada. Desculpa se meu orgulho é um dos meus piores defeitos. Desculpa se tenho um lado crítico bem forte. Desculpa se sou ciumenta com as minhas coisas. Desculpa se nem sempre eu sou doce. Desculpa se muitas vezes eu faço birra como se tivesse 5 anos de idade. Desculpa se eu não sou uma pessoa tão boa assim. Desculpa, desculpa mesmo. Desculpa se tenho sentimentos estranhos. Desculpa por ter os defeitos que os seres humanos têm - e eu não gosto.

Ha quatro anos atras, tive a minha primeira crise de pânico. Você já deve ter ouvido falar em Síndrome do Pânico. Não é mais um nome assustador. Não é uma doença da moda. Não é uma coisa que a gente só lê em livros. Não são meia dúzia de palavras na Wikipédia. É sério. É assustador. É difícil traduzir. Se fosse pra resumir em uma frase eu diria assim: você tem a nítida sensação que vai enfartar, que vai morrer e que ninguém vai poder te ajudar, te entender, te salvar. A gente se sente só e perdido. E fica com medo de ter outra crise. E fica com medo de tomar banho sozinho em casa. E fica com medo de dormir e morrer dormindo. E fica com medo de andar de avião. E fica com medo do elevador parar e você ficar preso. E fica com medo de coisas simples, como dor de garganta, braço dormente, dor de cabeça, pois tudo você relaciona à morte. E fica com medo da garganta fechar, do coração disparar, da mão suar, do pensamento sair correndo. E fica com medo de lugares fechados e cheios de gente. E fica com medo quando vai medir a sua pressão e ela está 18 por 10. E fica com medo do seu próprio coração, que dispara feito louco. A Síndrome do Pânico é um medo incontrolável, que te domina, que te faz deixar se ser quem você é, já que você fica refém do medo. De alguma forma eu me culpei pelas crises. Por que eu não fui mais forte? Por que não segurei a onda? Por quê? Qualquer coisa me assustava, eu não tinha domínio sobre minhas emoções. É muito difícil explicar para quem nunca teve, pois parece exagero. Só quem já teve alguma crise, só quem passa por isso sabe o quanto é difícil lidar com a sensação de morte, com a sensação de pânico. Me senti pequena, me senti diferente. E hoje eu não me culpo, sei que isso pode acontecer com qualquer um, sei que ninguém é herói ou heroína, sei que não sou melhor nem pior por causa disso, sei que vou ter que conviver com isso até o fim da vida. Hoje, as crises diminuíram, quase não existem. Hoje, consigo andar de elevador sem suar. Hoje, tomo banho sozinha. Hoje, durmo sem medo de morrer. Hoje, não tenho medo de coisas normais. Hoje, me perdoei por ter chorado de medo tantas e tantas vezes. Hoje, aprendi que posso conviver com isso. E que sou mais forte.
beijos Cintia Assis


Só dê ouvidos a quem te ama. Outras opiniões, se não fundamentadas no amor, podem representar perigo. Tem gente que vive dando palpite na vida dos outros. O faz porque não é capaz de viver bem a sua própria vida. É especialista em receitas mágicas de felicidade, de realização, mas quando precisa fazer a receita dar certo na sua própria história, fracassa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pequenininha

Pequenininha
para vcs poderem me conhecer mais um pouco adoro